Uma medida publicada na última segunda-feira no Diário Oficial deve impulsionar o mercado brasileiro de automação comercial, que movimentou cerca de R$ 2,75 bilhões em 2012. Agora, empresas de micro e pequeno porte têm novas especificações técnicas para seus sistemas fiscais, muito menos complexas que as exigências anteriores. Com isso, o software necessário será bem mais simples e, consequentemente, mais barato.
A expectativa da Associação Brasileira de Automação Comercial (Afrac) é que a medida impulsione a adoção de tecnologia pelos varejistas que ainda não são informatizados, ou seja, cerca de 70% do total, de acordo com estimativa de Luis Garbelini, vice-presidente da Afrac “Até agora as regras eram bastante complexas, pois eram aplicadas para empresas de varejo de todos os portes. Agora as micro e pequenas têm sua própria regulamentação”, explica. Para ele, a medida tende a atrair as empresas que querem automatizar o serviço, mas que antes consideravam o investimento muito alto.
As novas regras, que entram em vigor em junho, valem para as empresas que se encaixam sistema de tributação simplificada (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), o Simples, utilizado por companhias que faturam entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões por ano. Para se ter ideia do tamanho deste mercado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem 3.187.641 MPEs do comércio no Brasil, de acordo com dados referentes ao ano passado.
Otimismo
Para a Urano, empresa brasileira fornecedora de sistemas e equipamentos de automação comercial, a medida vai possibilitar que a companhia dobre a receita deste segmento até o final de 2014. Zenon Leite Neto, diretor da empresa gaúcha, acredita que a nova solução para o varejo custará pelo menos metade do valor atual com as simplificações publicadas no Diário Oficial. “Teremos que nos adaptar e desenvolver uma solução barata. O retorno deve começar a acontecer a partir de seis meses”, prevê o executivo.
Leite Neto conta que a área de automoção comercial já chegou a representar 50% da receita total da Urano, que também trabalha com balanças comerciais, mas o percentual foi caindo com o aumento da complexidade dos sistemas exigidos, e hoje é de 20%. “Com isso, esperamos que a fatia de automação comercial represente 40% do total até o fim do ano que vem”, afirma o executivo, que não abre qual é o faturamento total da empresa.
A multinacional americana NCR também está de olho neste mercado. Mauricio Medeiros, diretor de canais da unidade de negócios NCR Hospitalidade, afirma que está avaliando qual será o melhor equipamento para oferecer ao segmento de micro e pequenos varejistas.
“As novas regras retiram algumas exigências anteriores, como necessidade de integração do sistema fiscal com o estoque”, explica Medeiros. A empresa pretende usar sua rede de 120 revendedores para alcançar os comércios que ainda não são informatizados, e que agora terão uma alternativa mais barata de automação.